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Todas as segundas, quartas e sextas um artigo quentinho com opiniões aleatórias, questionamentos socráticos e visões confusas de mundo!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Somos todos “coxinhas”

No ano passado, um termo chamou-me a atenção pelo seu grande uso na verborragia brasileira em tempos de eleições. Era “coxinha” pra lá; “coxinha” pra cá; “são um bando de coxinhas”... Logo desconfiei que era algo muito além do típico salgado brasileiro recheado com frango, crocante por fora (quando bem feito, claro) e macio por dentro. Perguntava-me: “Coxinhas... Quem são? Como surgiram? Como vivem? São crocantes e macios também?”.

Já percebendo que se tratava de um termo com utilização pejorativa, ainda fui pesquisar no vasto mundo virtual para um certo aprofundamento, e li várias definições, mas, no geral, resumiria em pessoa “certinha”, conservadora, que gosta de seguir o que for definido como bons costumes no momento, geralmente possuindo um bom poder aquisitivo (uma classe média alta pra cima...), “mauricinhos” e “engomadinhos”... enfim, burguês.

E foi com essa ideia de burguês é que me veio uma reflexão: não seríamos todos burgueses (ou coxinhas)?

Sei que pode ser uma pergunta que generaliza, e que pode assustar e/ou indignar alguns... Concordo que é uma generalização, mas suspeito fortemente que o contexto serve a muito mais gente do que se imagina... E antes que me acusem, deixem-me que eu mesmo me inclua nessa massa (de coxinha).

Bom, antes de continuar, um parágrafo de breve História: os burgueses eram os cidadãos que habitavam os burgos, nome dado às cidades que surgiram na mais famosa Idade Média – a europeia, entre os séculos XI e XII – geralmente aos arredores dos castelos medievais, e por vezes cercadas por muros. Os burgos surgiram da necessidade de abrigar a grande massa de comerciantes e suas famílias, que crescia em número naquele período, devido ao intercâmbio entre o Oriente pós-Cruzadas e o Ocidente europeu. Com o tempo, formaram uma classe social e passaram a emergir como uma força política e econômica, tirando o poder da nobreza medieval (e até da Igreja que influenciava fortemente, na política e na economia). O maior objetivo dos burgueses: acumular bens... E assim, foram dando mais valor a quem tinha mais bens que outros; não importavam as qualidades, virtudes humanas que se poderia ter, mas sim o quanto se tinha ($$$$$) e o quão capacitado para produzir mais e mais se era.

Hoje, quando se fala em burguesia, associa-se a uma classe média alta ou rica, como já citado... Ou seja, os coxinhas... Mas também fiquei me perguntando: será que o que mais caracteriza os burgueses é o quanto de money se tem? Eu acredito que não. Acredito em uma mentalidade burguesa, que se reflete em um modo de agir, tendo mais ou menos dinheiro. Com mais, claro que fica mais evidente os comportamentos característicos dos “coxinhas”. Mas, quem pode garantir que os que têm menos não teriam os mesmos comportamentos se tivessem mais desse “$poder$”? Como diz um bom ditado: “Quer conhecer de verdade uma pessoa, dê poder a ela”.

Partindo do objetivo de acumular bens... em geral, não queremos fazer nossa poupança para um futuro melhor, seja para nós mesmos e/ou para os entes queridos? Ter casa, carro e qualquer outro bem? Levantamos cedo e vamos trabalhar para ganhar mais e mais, para se ter mais e mais... Queremos melhores salários ou lucros, trabalhando menos, para “curtir a vida”, seja ficando em casa assistindo TV ou viajando uma pequena viagem para Caldas Novas ou Pirenópolis; ou ainda para comprar o carro do ano, o celular mais tecnológico ou passear em Paris. Queremos a lei do menor esforço: ganhar mais e trabalhar menos... Uma forma de economizar energia... um tipo de acúmulo de bens, não?

Outra característica do burguês (o de lá da Idade Média...): viver do trabalho alheio. Não é isso que queremos? Ter mais dinheiro para obter, por exemplo, a comida pronta (seja para fazer em casa ou comer no restaurante), ou para pagar aquele serviço de diarista para ter minha casa limpa e minhas roupas lavadas e passadas? E não pode ser de qualquer jeito... tem que ser tudo bem feito, temos que ser bem atendidos, bem tratado, mimados... afinal de contas, “eu tô pagaaaando!”.

E já que “estamos pagando”, podemos fazer o que quisermos... Somos “livres” para experimentar tudo... Esta é uma outra mentalidade da burguesia: a liberdade em todos os sentidos. E podem pensar: “Ah, mas só quem pode fazer isso é quem tem dinheiro...” Relembro e repito: não é questão de ter ou não dinheiro, mas uma mentalidade. Fazemos isso em situações simples do cotidiano.

E para não se estender mais neste tema (por hoje), e como já citei, nos burgos o valor econômico de cada um passa a ter prioridade; o “ter” prevalece sobre o “ser”; o status social, a roupa de marca, o carro do momento, a tecnologia mais moderna são valorizados mais que o aspecto humano... E junto a isso, os relacionamentos (seja de amizade ou de família), a estrutura a vida política, nossos trabalhos, as expressões artísticas... são baseados em interesses, em o quanto podemos ganhar... seja em bens físicos ou em status... enfim... generalizações à parte, pobres ou ricos, que cada um faça sua própria reflexão: somos ou não somos “coxinhas”?

Um comentário:

  1. Em 1989, na Rússia e Europa do Leste, os podres Coxinhas Comunistas foram derrubados em um dia, como bundas moles!

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