Vinha evitando tocar em temas
muito práticos e cotidianos, querendo deixar os temas menos acalorados e
políticos, mas não teve jeito... Quase todos os dias, enquanto toco minha carroça
para o trabalho o caótico trânsito de nossa capital (acredito que nada muito
diferente de qualquer cidade média a grande do Brasil) me traz à tona tal
assunto. Motoristas mal-educados, pedestres afoitos, ciclistas tentando
competir com carros por um espaço no asfalto e nenhum destes atores convivendo
harmonicamente, os números assustam: foram 408 mortes no trânsito em 2014,
possivelmente mais gente do que a quantidade de seus amigos no Facebook!
Daí a gente tende a pensar: culpa
dos motoristas mal-educados, das pessoas imprudentes, dos bêbados, etc. E sim,
temos alguma razão, no trânsito as pessoas se mostram como são, trajando suas armaduras
de lata e vidro sentem-se mais livres para expressar todo o egoísmo e a pouca
empatia de que são dotados. Então é isso, né?! O problema morre aí e só teremos
um trânsito mais harmônico quando cada membro da sociedade for mais empático e
gentil, certo?! ERRADO.
Temos um órgão muito importante
em cada um de nossos Estados que se chama DETRAN (Departamento de Trânsito),
este mesmo que vez por outra nos envia uma simpática correspondência com um
código de barras nos apontando que não fomos gentis e educados no trânsito. Ou
seja, temos um órgão de governo, com bastante gente empregada, que arrecada
dinheiro todas as vezes que nos flagram sendo maus motoristas. Como o bolso dói
as pessoas vão se esforçar para ser bons motoristas, além disso esse dinheiro
todo arrecadado, já que temos muitos maus motoristas vai ser usado para fazer
um trânsito melhor, certo?! ERRADO.
A primeira parte até é
parcialmente verdadeira, um cidadão prefere andar na linha que reservar uma boa
parte de seu orçamento para continuar dirigindo. O problema é que quando ele
recebe muitas multas, ou tem muito dinheiro isso deixa de ter tanta
importância. Ainda sim é louvável como os radares de velocidade conseguiram
diminuir em número de acidentes em nossas vias. O grande cisma vem a seguir:
com o que é feito com a montanha de dinheiro que se arrecadam com as multas. O
Código de Trânsito Brasileiro dispõe, em seu art. 320 que “A receita arrecadada
com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em
sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e
educação de trânsito”. No entanto não dá para acreditar que muito dinheiro seja
colocado nestas atividades, visto que todos eles parecem totalmente
negligenciados aos olhos de qualquer motorista mais atento.
A engenharia de trânsito é uma piada,
citando um exemplo do Distrito Federal: em Taguatinga temos um enorme
cruzamento de uma pista rápida com duas mãos e suas respectivas marginais
cortado por uma pista de duas mãos, em frente a um grande shopping da cidade,
todos os dias à meia-noite os semáforos, que não possuem radares, ficam
intermitentes e só voltam a funcionar às seis da manhã. Não preciso falar do
perigo que é, né, ainda mais por ser uma região próxima a bares e boates, os
acidentes graves são constantes. Já faz alguns anos e nunca mudou o esquema. A
poucos quilômetros dali temos um cruzamento em uma rua erma, uma das vias do “cruzamento”
é o estacionamento de um hospital psiquiátrico, pois bem aí temos um semáforo,
com radar, que funciona 24h/7d! Legal, né?! Dá pra imaginar que existe alguém
pensando no trânsito de nossa cidade??
Agora vamos à parte de educação no trânsito... Gostaria que levantasse a mão quem teve contato com alguma campanha decente de conscientização de trânsito no último ano. Uma campanha bacana, no trabalho, o filho que voltou da escolinha com uma cartilha do Detran, que tenha ouvido uma palestra com um palestrante bom... Não?! Imaginei... Nem para gastar uma pequena parte dos mais de R$ 150 milhões arrecadados em 2013 com uma mídia social decente, como faz a competente Prefeitura de Curitiba, sério, uma mídia social boa como a da Prefeitura ajuda demais ao órgão se aproximar de uma parcela significativa de cidadãos para dar seus recados.
No campo da fiscalização basta dizer que temos infinitos radares (pardais) nas vias, muitos que não funcionam e pouca coisa a mais. Por fim policiamento. Pergunto: alguém já foi bem orientado por um agente do Detran? Da minha experiência posso dizer que os soldados da PM do batalhão de trânsito dão um banho em qualquer “amarelinho” que parecem mais interessados em seus celulares e em possuir taseres do que orientar o tráfego...
Agora vamos à parte de educação no trânsito... Gostaria que levantasse a mão quem teve contato com alguma campanha decente de conscientização de trânsito no último ano. Uma campanha bacana, no trabalho, o filho que voltou da escolinha com uma cartilha do Detran, que tenha ouvido uma palestra com um palestrante bom... Não?! Imaginei... Nem para gastar uma pequena parte dos mais de R$ 150 milhões arrecadados em 2013 com uma mídia social decente, como faz a competente Prefeitura de Curitiba, sério, uma mídia social boa como a da Prefeitura ajuda demais ao órgão se aproximar de uma parcela significativa de cidadãos para dar seus recados.
No campo da fiscalização basta dizer que temos infinitos radares (pardais) nas vias, muitos que não funcionam e pouca coisa a mais. Por fim policiamento. Pergunto: alguém já foi bem orientado por um agente do Detran? Da minha experiência posso dizer que os soldados da PM do batalhão de trânsito dão um banho em qualquer “amarelinho” que parecem mais interessados em seus celulares e em possuir taseres do que orientar o tráfego...
Fecho aqui este singelo texto com
a pergunta que vem a minha cabeça todos os dias quando estou no meu possante
enfrentado nosso caótico trânsito: “Onde o DETRAN enfia o meu dinheiro?”
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