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Todas as segundas, quartas e sextas um artigo quentinho com opiniões aleatórias, questionamentos socráticos e visões confusas de mundo!

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhante...

Impossível andar pelas calçadas da maioria das cidades brasileiras e não notar algumas particularidades desagradáveis que um passeio matinal em terras brasilis podem nos regalar. Começando pelas irritantes fezes caninas espalhadas por muitas ruas de prédios residenciais, passamos por obstáculos que podem tornar um simples passeio em uma aventura hercúlea, seja para quem está com um carrinho de bebê, para um cadeirante ou para uma moça com um saltinho pouco mais alto. É possível notar ainda casas lindas com jardins maravilhosos atrás de muros frios e sem grandes preocupações estéticas. Esse panorama nos diz muito sobre como nos comportamos como sociedade.

Não cuidamos de nossas calçadas, não nos importamos em como elas aparentam ou funcionam. E quando, eventualmente, resolvemos ir até a padoca a pé e nos surpreendemos em como é feio e ruim andar por elas logo maldizemos o governo, culpamos a corrupção endêmica dos gestores púbicos e a conhecida leniência dos servidores públicos. O pequeno detalhe de tratar este problema assim é que minha avó pensou desta forma, assim como minha mãe e eu por boa parte do tempo, assim por uns 80 anos, aproximadamente, tentamos resolver o a questão das calçadas com estes lugares-comuns e as coisas até hoje não mudaram em absolutamente nada!

A primeira falha de jogarmos todos os problemas da nossa sociedade para o colo do governo é que isso não resolve nada. A segunda é que nem todos os problemas são realmente culpa do governo. Ainda que juridicamente as calçadas sejam de responsabilidade do poderpúblico, a discussão que quero abordar é como podemos construir uma cidade melhor e não se o paternalismo tem sustentação legal ou não. E a terceira é que ao fazermos isso perdemos a oportunidade de construir uma cidade que nos sintamos partícipes e responsáveis por ela.

Para que o Estado brasileiro tenha dinheiro para entregar serviços parecidos com os países desenvolvidos a arrecadação teria que ser maior que nosso PIB, isso ainda sem analisar as responsabilidade de particulares e de governo em cada país. Ou seja, é impossível que com o que arrecada nossos entes federais cuidem como gostaríamos de todas as nossas vias públicas, além de saúde, segurança e educação. Certa vez meu irmão recebeu u
m amigo americano em casa, quando o questionou sobre o que estava achando do Brasil ele disse que achou as casas muito bonitas por dentro, mas não entendia porque eram tão mal cuidadas do lado de fora. O que me levou a crer que, na perspicácia capitalista dos gringos, aquelas lindas vizinhanças americanas não são fruto do governo que vai lá e planta grama e constrói belas calçadas, mas dos proprietários que entendem que valorizar a calçada da própria casa é valorizar o imóvel. A pergunta que fica é: porque não cuidar da própria calçada?

A resposta que consigo enxergar para a pergunta anteposta infelizmente não é muito bonita: porque não é minha e não cuido do que não é meu. Já reparou como os interiores de condomínios fechados costuma ser tão bonito e bem cuidado? É que os moradores se sentem donos daquele pedaço, e só pode usufruir da beleza em que ele põe dinheiro os que também contribuem para tal. É o mesmo tipo de pensamento pouco civilizado que motiva o cidadão que desce de seu apartamento para que seu cão alivie as necessidades fisiológicas e, sem se importar com as fezes deixadas na calçada vira as costas e vai embora: não é problema meu, não vou pisar nisso, mais tarde do SLU vem e limpa. Novamente a responsabilidade é do governo.

Felizmente nem tudo são espinhos. Nos últimos anos, nas principais cidades brasileiras (posso falar mais de Brasília, que é onde moro), tem havido um movimento de ocupação dos espaços públicos com eventos como o Picnic e o pessoal dos “isoporzaços”. Encarar os espaços públicos como nossos é o primeiro passo para construirmos uma cidade a qual nos sintamos participes e responsáveis. O próximo passo agora é ajudar a construir esses espaços, seja com doações, com trabalho ou mesmo cuidando da acessibilidade e manutenção da calçada que passa em frente a sua casa.

Um comentário:

  1. Ótimo tema e ótimo texto, Pedrinho! Mais uma vez concordo com você! Mania horrível essa nossa de só nos preocuparmos em nomear culpados ao invés de tentar resolver o problema!

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